sábado, 9 de outubro de 2010

O que é ser boa mãe?

Desde o dia em que me vi com os dois pauzinhos vermelhos – que apareceram no exame de urina – até hoje, continuo a me questionar sobre o assunto:
Afinal, o que é ser boa mãe?
É largar o emprego para dedicar mais horas de atenção à minha filha? Ou é trabalhar mais para tentar proporcionar uma educação melhor do que a que tive, com mais oportunidades?
É fazer uma poupança em nome dela? Ou é ensiná-la a poupar o próprio dinheiro, quando tiver idade para tal?
É contratar a ajuda de uma babá para poder dormir uma noite inteira sossegada ou mesmo ir ao cinema com o marido? Ou é dispensar a ajuda para evitar que minha filha confunda quem é a mãe?
O que é, meu Deus, ser uma boa mãe?
É ensiná-la a orar e pedir a Ti por proteção? Ou é deixar que ela escolha a religião e crença que vai seguir, quando for grande o suficiente?
É comprar toda a coleção da Fisher-Price , que alega oferecer o melhor desenvolvimento para cada fase da minha filha? Ou é oferecer brinquedos de madeira que chamam de educativos?
É deixá-la dormir na minha cama quando ela está pedindo com aquela carinha de choro? Ou é deixá-la sozinha no quarto para adquirir auto-confiança?
É limpar o chão para ela brincar com os coleguinhas? Ou é deixar que se sujem para adquirir mais anticorpos?
É dar suco de beterraba com laranja porque é saudável? Ou é deixá-la comer batata-frita, de vez em quando,pelo prazer do momento?
É educá-la falando do amor ao próximo não importa a situação, mesmo quando tiver apanhado na escola? Ou é ensiná-la a se defender, mordendo de volta o coleguinha da escola, que cisma em cravar os dentinhos no braço dela?
O que é certo? O que é errado? O que é melhor? O que é pior?

Muitas vezes, antes mesmo de considerar qualquer uma dessas questões, temos de ouvir as certezas da mãe, da sogra, da vizinha, da amiga e até da desconhecida. Impressionante como as pessoas gostam de opinar sobre o tipo de mãe que você deve ser, ainda que tenham lhe conhecido apenas 2 minutos antes. E aí lhe resta congelar aquele sorriso de dentes trincados de raiva, para não ser chamada de desequilibrada por aí.

O fato é que feliz, ou infelizmente, não há manual de usuário para os filhos (sim, fui clichê. Foda-se). A meu ver, não há como normatizar as regras que farão do meu filho ou filha alguém mais inteligente, mais culto ou mais feliz. Pode ser, ainda, que o que funcionou para mim, não se encaixe, de maneira alguma, no cotidiano e ideologias de outra família.

Com isso não quero dizer que valores fundamentais que norteiam a vida em sociedade (como ética, respeito e generosidade) não sejam importantes para a educação de uma criança. Mas como fazer para ela entender esses princípios é que nos leva a muitas possibilidades e formas diferentes de agir. Inclusive em contextos diferentes.

E por mais que, ao longo da minha ainda curta jornada como mãe, tenha encontrado uma série de mães só-eu-sou-certa-e-sei-que-é-melhor-para-seu-filho, tento preservar as minhas intuições e fazer ouvido de mercador às versões femininas do finado Papai sabe-tudo.

Entendo que a vida vai mesmo oferecendo uma porção de caminhos diferentes a ser seguido, o que implica necessariamente em escolhas. Não necessariamente boas, nem más. Apenas diferentes, já que também somos todos únicos.
Assim, na sincera busca por acertar, inúmeras vezes me vejo envolvida num emaranhado de dúvidas e apenas uma certeza: a de que, não importa o que faça, jamais serei perfeita. Só de tirar o peso dessa exigência, talvez já esteja sendo uma boa mãe.

6 comentários:

  1. Liginha,

    Adorei o texto e me sinto da mesma forma. Fico (como mãe), perdida em um labirinto de possibilidades sobre que tipo de direcionamento dar para meu filho de apenas 1 ano e me angustio e me culpo por uma série de situações que são intrinsecas à vida como sair para trabalhar ou mesmo ir a um cinema na tarde de domingo com o Dudu. Mas no final das contas,...pelo menos penso sobre as escolhas e direcionamentos que dou a educação do Bernardo.

    ResponderExcluir
  2. Lígia, o título do post me chamou muito a atenção, pois também sou mais uma mãe que vive com essa dúvida eternamente... Ao ler, fui me animando ao constatar que as dúvidas eram exatamente as minhas... Porém, ao ir chegando no final, fui me "decepcionando" ao ver que não haveria "A" resposta... Contudo, refletindo melhor, percebo que a intenção do post era justamente essa, mostrar que NÃO HÁ RESPOSTA. E isso, de fato, muito me conforta, de forma que tentarei "mentalizar" a frase que vc concluiu com chave de ouro: "apenas uma certeza: a de que, não importa o que faça, jamais serei perfeita. Só de tirar o peso dessa exigência, talvez já esteja sendo uma boa mãe". Beijos, Michelle.

    ResponderExcluir
  3. Olá!
    Vc deixou um comentário no meu Blog em agosto e só hoje tive tempo para vir conhecer o seu!
    Gostei muito dos textos! Minha bonequinha cresceu muito rápido e hoje já está com 9 anos. Só posso dizer uma coisa: curta cada momento, pois o tempo realmente voa!
    Se quiser falar sobre Gastroplastia, estou à disposição; e prometo não demorar tanto da próxima vez! ;o)
    Beijos, Danny

    ResponderExcluir
  4. Bia querida,

    que bom ver você por aqui! Seja bem-vinda e volte sempre que puder! Fiz este espaço em nossa homenagem! Bjs grandes ao bebê foooooooofo e lindo!

    ResponderExcluir
  5. Michelle,

    que bom que você gostou! As vezes fico sem coragem de postar pq ninguém aparece, aí fico pensando se essas questões são mesmo relevantes pra mais alguém ou neuras minhas. Que bom saber que mais alguém passa por tudo isso! Obrigada por escrever sempre!

    ResponderExcluir
  6. Danny,
    obrigada pela visita! Volte sempre, viu? Ainda irei sim lhe pertubar sobre algumas dúvidas e anseios...Me aguarde! eheheh..Bjs pra vc e pra filhota.

    ResponderExcluir

Sobre tudo isso...