segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Olha quem está falando!

Com biquinho na boca, rostinho se revirando de um lado para o outro e uma voz arrastada, ela começa: "Mamãaaaae, por favor, vai. Por favor, por favor, por favor..."

Nem lembro exatamente o que ela queria, mas fiquei extremamente chocada em ver uma criança de apenas 2 anos apelando de modo tão elaborado. E agora é assim, toda vez que ela quer me pedir alguma coisa que ela sabe que, em princípio eu vou recusar fazer ou dar, o "charminho" começa. Os olhos franzem, o bico da boca surge,as mãozinhas ficam me fazendo carinho e ela começa a lábia.

Pior é que eu não tinha me preparado para essa nova técnica. Tinham me falado bastante dos ataques de fúria no chão, os "esperneios" (existe essa palavra?) e os choros de birra. Tanto é que, como boa neurótica, já tinha lido tudo a respeito, feito cursos à distância etc. Considerava-me extremamente preparada para o ataque eminente da pequena enfurecida.

Agora o que ninguém me disse é que, de repente, sua filha poderia ser bem mais esperta que isso e descobrisse, aos 2 anos, que a verdadeira arma de manipulação humana sempre foi uma só: o poder da comunicação. Não é a toa que chamam o jornalismo de "4o. poder". E como eu ia adivinhar que o segredo do meu sucesso de mãe dependia das aulas da faculdade que provavelmente eu faltei para ir à praia?

Engraçado como as crianças (em especial as meninas) mal aprendem a andar, balbuciar as primeiras palavrinhas e, de repente, enquanto você bebe um copo d´água na cozinha, já são experts nas estratégias de manipulação do discurso.

A minha pequena sabichona, quando está "grandona" (digo "está" porque, como já expliquei anteriormente, ela vive em crise de idade e muda de faixa etária com mais frequência que um bipolar em tratamento)fala comigo usando cada termo que não dá pra acreditar. Esses dias mesmo, depois que eu perdi a paciência e levantei a voz, ela reclamou:" Calma, mãe. Fique calma. Não fale assim comigo, Ligia Sales". Perdi o rebolado.
E quando eu descobri que a tática de colocá-la pra dormir - dizendo que também iria descansar - não funcionou mais? Assim que me viu sentada no sofá da sala assistindo a novela, disparou: "Você tá de brincadeirinha comigo, né mãe? Isso que você fez foi mentirinha, viu? Você me enganou".
Não sei como foi isso. Juro por tudo que não sou mãe relapsa, não. Mas é fato que elas começam a falar desenroladamente de uma noite para o dia. As frases agora são mais complexas e mostram toda uma linha de raciocínio que antes não existia. "Incrível isso!", diria ela.
Até a babá fica espantada com os diálogos de Beatriz. No dia em que a mesma se recusou a dar um saco de salgadinhos para a pequena, a Bia disse com os olhos baixos: "Estou muito desapontada com você, babá. Agora preciso ficar um pouco sozinha."
Não sei se fui premiada com uma linda-menina-precoce-e-inteligente, mas eu confesso que fico meio perdida, sem saber como responder a algumas das situações. Por ora, resolvi mudar de literatura. Troquei "O desenvolvimento do seu bebê até os 3 anos", pela "A arte da manipulação".
Me desejem sorte.

3 comentários:

  1. Eles nos surpreendem a cada dia. João Gabriel ainda nem fala direito e já faz esse charminho pra conseguir as coisas, rs.

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  2. kkkkkkkkkkkk

    meu paaaiiii eu tenho medo dessa geracao!!! Liginha, engracado que Dirk disse exatamente isso sobre Luisa, olha o 'jeitinho feminino' dela, tentando nos manipular!!!
    minha amiga diga-me por favor o nome desse livro, pois estamos arrancando os cabelos por aqui cem algumas coisas...oh ceus, outra de Dirk:
    "little children, little problems; big children, big problems!!!
    bjo!

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  3. É isso mesmo , Laurinha e Leti! Não se fazem mais crianças como antigamente! Kkkk.....

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